A única coisa que posso fazer por si, diz o homem
atrás dos computadores, é premir um botão a tempo
porque tudo tem que desaparecer, desaparecer e desaparecer.
E quase ninguém sabe quando é que na realidade
ele preme um gatilho. O passado foi à falência,
o futuro não me interessa, a verdade
flui em números cinzentos pelas minhas retinas,
um piscar de olhos e a próxima apresenta-se.
Os dias não são bons ou maus, vivo indiferente
a onde paro e ao que ponho em movimento.
É assim que eu vejo as coisas: piloto um navio,
o radar pia para onde. O mar? Nunca olhei para ele.
Posso chamar-lhe papá? Tenho biliões de pais e hoje
desapontei-os a todos. Não chore. Prefiro que
me conte uma história para eu conseguir dormir.
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